sexta-feira, 23 de julho de 2010

Prazer

- Olá! Muito prazer! ... soam as vozes automaticamente em cotidianos apertos de mão, em matemáticas reuniões ou nas variadas cirandas sociais que costumamos frequentar em busca de nós mesmos.

No frenético carrossel de nosso tempo, a vida passa rápido. Cada vez mais rápido. Enquanto isso somos tomados por sonhos pré-fabricados, verdades pasteurizadas e ideais de supermercado.

Nós, homens e mulheres pós-modernos, cultuamos a alegria em doses, rações de entretenimento que se consome sem moderação. Afinal, o que move a engrenagem de nossa sociedade é o prazer. Que seria de nós sem as sensuais, adocicadas, tecnológicas, infantis, químicas ou televisivas doses de prazer? Ah, sem elas ficariam apenas as frustrações do corpo perfeito ou da conta no banco. Melhor não pensar nisso. Aliás, melhor não pensar em nada. Pra que pensar? Pensar dá trabalho.

É inegável que nossa época negligencia o intelecto em prol dos sentidos. Resume-se a vida a uma festa dos sentidos. Pouco importa se o cérebro porventura se atrofiar por falta de uso.

À margem de todo esse monopólio dos sentidos, porém, há um outro prazer, que foi sufocado pela velocidade e pela superficialidade que se apossaram de nossa existência: o prazer de pensar. Vivemos a imposição de que pensamento e prazer são incompatíveis. Pensar implica em esforço pessoal, o que é tido como algo anti-espontâneo e entediante.

- Pois é, pensar é o que nos torna humanos!
- Ah sim, claro, mas deixemos essa humanidade para os cientistas. Eles que queimem os neurônios pra que eu não precise queimar os meus...

E o prazer de descobrir ou inventar os próprios caminhos? E o prazer de conhecer e incorporar em sua visão de mundo a herança daqueles que mudaram a humanidade pra melhor? E o prazer de ampliar os sentidos para perceber muito além do lugar-comum? Esforço pessoal traz consigo um prazer inigualável. Um viver consciente da própria época, com o poder de fazer escolhas críticas e proporcionar aos sentidos o prazer da diversão e do conhecimento.

Muito prazer pra você que gosta de pensar.

2 comentários:

  1. Opa, grande porazer este, Marcus, de seguir seu blog! Mas combustível pros nossos neurônios...hehe

    abração!

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  2. Às vezes achamos que por estarmos inseridos em muitas atividades diárias não há espaço para ocupar o cérebro com outras coisas, e na verdade estamos mesmo é nos acomodando a refletir e trabalhar o cérebro de qualquer forma de maneira limitada e por vezes superficial.
    Parabéns pelo excelente texto!

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